O RESSUSCITADO VIVE NA COMUNIDADE
As portas fechadas denotam um aspecto negativo (o medo dos discípulos) e um aspecto positivo (o novo estado de Jesus ressuscitado, para o qual não há barreiras). Jesus apresenta-se no meio da comunidade e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens messiânicos: “A paz (shalom) esteja com vocês”. É a mesma saudação da despedida.
A reação da comunidade é de grande alegria por verem o Senhor. Assim fortalecida, a comunidade está pronta para a missão que o próprio Jesus recebeu: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”. Quem garantirá esta missão da comunidade será o Espírito Santo. Jesus sopra sobre os discípulos e lhes comunica sua própria missão. O sopro recorda Gn 2,7, o sopro vital de Deus que comunica a vida. Recordando o Gênesis, João quer dizer que aqui, no dia da ressurreição, nasce a comunidade dos seguidores de Jesus, aos quais ele confia sua própria missão.
Tomé era um dos Doze que estiveram com Jesus antes da Paixão. O evangelista quer salientar que o importante não é ter estado com Jesus antes de sua morte, e sim viver a vida que nasce da ressurreição, assumindo o projeto de Deus como opção pessoal. A resposta de Tomé, depois de duvidar, e de não estar presente na comunidade reunida em oração é digna de nota: “Meu Senhor e meu Deus”. Tomé reconhece em Jesus o servo glorificado, em pé de igualdade com o Pai. A cena conclui com a única bem-aventurança explícita no Evangelho de João. Ela privilegia os que vão crer sem ter visto.
Tomé é símbolo de tantas pessoas que tem dificuldades de rezar em comunidades e incrédulos precisam de provas para perceber a presença do Ressuscitado. Acreditamos e percebemos a ação de Jesus ressuscitado em nossa vida? Buscamos sua presença na comunidade reunida?
Pe. Leonir Alves