O que está nos amarrando?
O Evangelho deste final de semana (Jo 11,1-45), quinto domingo da quaresma, relata o episódio da ressurreição de Lázaro. Jesus sempre chama para a vida. Mais do que isso, chama a cada um pelo nome. O evangelho de hoje narra a doença e morte de Lázaro. Suas irmãs se incomodam com o sofrimento do irmão e, apressadamente, enviam uma mensagem para Jesus: “Seu amigo está doente” (v. 3). Jesus mantém com Lázaro uma relação de autêntica amizade.
Para entendermos este fato precisamos nos situar dentro do Evangelho de São João, também conhecido como o Evangelho dos Sinais. O morto que é reanimado e trazido à vida novamente é o sétimo sinal de Jesus Cristo neste Evangelho. O evangelista faz alusão aos sete dias da criação, conforme o livro do Gênesis.
Agora Jesus Cristo estabelece uma nova criação, trazendo vida para uma humanidade que vive num sistema de morte. “Eu sou a ressurreição e a vida… todo aquele que vive e crê em mim não morrerá jamais…” Lázaro, Maria e Marta representam a comunidade que vive situações de morte, e em Jesus se encontram com a verdadeira vida. Aquele que crê, e acolhe seu amor, não está morto, mas é resgatado para a vida. São relações de amor e solidariedade vivenciada por uma comunidade acolhedora ao projeto de Jesus.
No final, Lázaro, ao convite incessante do mestre, sai do tumulo. Mas ele está todo amarrado, trazendo presente às amarras que o sistema de morte impõe, e precisa de ajuda para se libertar. “Tirem as faixas e deixem que ele vá”. Para onde terá ido? A luz da fé, podemos entender que para uma nova vida, diferente do sistema de morte vivenciado até então. A ressurreição de Lázaro é bela catequese para que ouçamos as palavras de Jesus – dirigidas a cada um de nós – e acreditemos na vida em abundância que ele nos traz tanto no já quanto no ainda não.
A propósito, de que amarras precisamos nos libertar?
Leonir Alves