O batismo nos compromete com a missão de Jesus
O Evangelho deste final de semana, (Mc 1,7-11) Festa do Batismo de Jesus, finaliza o tempo de natal. A partir do Batismo Jesus começa sua missão.
As pessoas se aglomeravam para ouvir João Batista, mas ele redirecionou o foco das atenções para outra pessoa, que – embora seja, no relato, um desconhecido da multidão – os leitores do Evangelho sabem que é Jesus. João o identifica como alguém “mais forte”, alguém com uma missão mais importante do que a sua. O precursor reforça isso mediante a afirmação de que não é digno de “desamarrar-lhe a correia das sandálias”, significando que a distância entre ele e Jesus era maior do que a distância entre um senhor e seu escravo.
Essas palavras devem ter deixado a multidão atônita. Quem poderia, naquele momento, ter uma missão e um carisma maiores que os de João? Nenhum profeta tinha sido enviado ao povo de Israel por mais de três séculos, até que João veio preparar aquela geração para a vinda do Messias. O povo não poderia pensar em ninguém que fosse maior que João. Obviamente todos esperavam o Messias, mas este seria um descendente de Davi, um novo rei, e jamais um rei seria maior que um profeta. Os profetas eram aqueles que enfrentavam os reis quando estes se desviavam de Deus. Portanto, o povo ficou em dúvida a respeito desse alguém “maior”.
O Evangelista São Marcos, ao mencionar que Jesus veio de Nazaré da Galileia, caracteriza sua origem humilde, da periferia. Era uma região povoada por gentios e pobres, desprezados, diferenciando-se da Judéia, que era o espaço privilegiado do judaísmo, com suas elites em Jerusalém. Em muitas passagens do Evangelho é acentuada esta origem humilde de Jesus, identificando-o com o Nazareno.
Jesus, atraído pelo anúncio de João, vem a ele para ser batizado. O batismo é narrado sob a forma de uma teofania apocalíptica: saída das águas, o céu que se rasga, a descida do Espírito como uma pomba, e a voz celestial. Assumir o batismo de João e o seu anúncio, conforme o testemunho do Espírito, é do “pleno agrado” do Pai. Após o batismo, Jesus muda seu estilo de vida: abandona o cotidiano vivido em sua terra e começa sua missão, anunciando a Palavra que transforma o mundo e comunicando o Espírito de amor que nos une à vontade de Deus.
Ao batizarmos um filho, ao sermos padrinho ou madrinha estamos assumindo esta missão de colaborar com Jesus no anuncio do seu reino. A propósito, temos esta consciência do batismo, ou ainda o vemos como um rito mágico para não ficar doente, ou para tirar fotografias e fazer filmagens?
Pe. Leonir Alves