NOSSA VIDA É PÃO PARTILHADO?
No Evangelho deste final de semana, (Jo 6,60-69), conclusão do capítulo 6 de João, temos a eucaristia e a encarnação como uma tomada de posição: A favor ou contra Jesus.
“Muitos dos discípulos de Jesus disseram: ‘Esta palavra é dura. Quem pode escutá-la?’”. Note-se que o evangelho fala de discípulos. O texto reflete, portanto, a situação da comunidade de João no final do primeiro século. Nessa comunidade já não se acreditava que a eucaristia – encarnação de Jesus em nossa realidade – supõe e exige que nos tornemos pão para os outros. Jesus decepcionou muita gente, pois ele não procurou a glória das pessoas, recusando-se a ser rei, nem prometeu glória a quem pretende segui-lo.
No Evangelho de João, a realeza de Jesus consiste em doar-se até esgotar a própria vida. Em outras palavras, é preciso que nos encarnamos à semelhança do Filho do homem, que se fez pão. Ora, sabemos que o pão não tem fim em si mesmo. Ele existe para ser consumido, para devolver vida a quem esteja com fome. Assim é Jesus. Assim deverão ser seus seguidores. O Espírito é força que animou Jesus na tarefa de ser pão para a vida do mundo. Ele é a força do amor. Os que amam sabem que a vida não tem sentido se não se traduzir em pão, isto é, em dom a ser partilhado com os outros: O ser humano sozinho (carne) não compreende e não consegue ser pão para os outros, pois em geral as pessoas buscam, sim, a vida, mas na maioria das vezes procuram a vida somente para si. O Espírito de Jesus, ao contrário, mostra que a vida é para ser partilhada, e a morte pode se tornar a maior expressão de amor. Jesus e o Espírito não dispensam as pessoas de amar até a doação da vida.
Depois que muitos discípulos voltaram atrás, Jesus se dirige aos Doze, perguntando: “Vocês também querem ir embora?”. Simão Pedro responde em nome do grupo: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Agora nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus”. Pedro fala no plural. Não é, portanto, uma resposta pessoal. É a resposta de todos os que, em todos os tempos e lugares, perceberam não haver outro caminho, a não ser o de Jesus, que se encarnou e se fez pão para a vida da humanidade. Ele afirma também que crer é pôr-se a caminho, atuando hoje a prática de Jesus.
LEIGOS, A FORÇA VIVA DA IGREJA – Dentro do mês vocacional, neste final de semana lembramos das vocações leigas. Pelo batismo, passamos a fazer parte de uma família maior, onde cada um é convidado a fazer a sua parte em favor do todo. Os leigos, cada vez mais assumem seu papel de protagonistas de uma Igreja viva, atuante e eficaz. Parabéns a todos que se doam em favor da comunidade Igreja!
Pe. Leonir Alves