É PRECISO DEIXAR O BARCO E AS REDES

No Evangelho deste final de semana, (Lc 5, 1-11), quinto domingo do tempo comum, Jesus começa a chamar os apóstolos. Como são pescadores, ele os chama em meio a uma pescaria.
Nos Evangelhos de Marcos e de Mateus, Jesus, passando pela beira do lago, chama os pescadores Simão e seu irmão André e também os irmãos Tiago e João, convidando-os a se tornar pescadores de gente. Esses vão começar a formar a comunidade de irmãos, a comunidade dos discípulos de Jesus. Já Lucas faz diferente. Toma a tradição de uma pesca miraculosa e aí mostra Jesus chamando Pedro para ser pescador de gente. A multidão o aperta de todos os lados, obrigando-o a subir na barca de Simão e daí instruir o povo. É da barca de Pedro, que a mensagem deve chegar a todas as comunidades cristãs, a toda a humanidade.
Poderíamos nos perguntar: O que será que isso quer dizer? Com toda certeza, a barca conduzida por Pedro é a Igreja que está sendo construída e aos poucos organizada em torno de Pedro. As águas profundas, segundo a concepção da época, comunicavam-se com a mansão dos mortos, debaixo da terra. Os monstros que habitariam as grandes águas e o perigo dos ventos e das tempestades reforçavam a ideia de o mar ser o mundo da morte e do mal. Pescar significava, então, tirar do poder da morte.
Aos que estavam com Pedro Jesus manda: “Lançai vossas redes para a pesca! ”. Todos devem pescar. Todos devem contribuir para salvar a humanidade. Simão deixa de lado sua experiência de pescador e confia na palavra de Jesus. É da sua barca que Jesus ensina, é a ele que Jesus manda levar o barco ao mais profundo, é ele quem confia na palavra de Jesus, é ele quem se prostra diante de Jesus, reconhecendo-se pecador. É a ele que Jesus faz pescador de gente. De André, seu irmão, nenhuma palavra. Só há pequena alusão aos outros dois irmãos, Tiago e João. O resultado é que todos deixam os barcos – por hipótese, cheios de peixe (poderiam fazer bons negócios) – e tudo o mais para seguir Jesus. Todos serão pescadores, todos terão a missão de tirar a humanidade do reino da morte.

Pe. Leonir Alves