O PRIMEIRO É O ÚLTIMO?
No Evangelho deste final de semana, 29o domingo do tempo comum (Mc 10,35-45), no diálogo com seus discípulos, Jesus mostra a grande novidade do seu ensinamento: “quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos”.
O episódio narrado no evangelho de hoje vem em seguida ao terceiro anúncio da Paixão. Jesus e os discípulos estão se dirigindo a Jerusalém e o ministério de Jesus se aproxima do fim. Depois de cerca de três anos de convívio, os discípulos ainda manifestam incompreensão em relação à novidade de Jesus. É João, um dos discípulos mais próximos de Jesus, e seu irmão, Tiago, que manifestam suas aspirações em estarem à direita e à esquerda de Jesus, imaginando que ele assumiria o poder (a “glória”) em Jerusalém. Porém, quando Jesus é suspenso na cruz, são dois marginalizados que estão à sua direita e à sua esquerda, em duas cruzes.
Diante das pretensiosas e equivocadas reivindicações dos discípulos e das contendas entre eles, Jesus faz uma crítica do exercício do poder neste mundo. Rejeitando, de maneira generalizada, o abuso de poder dos chefes das nações e de seus grandes, Jesus reafirma a novidade do Reino. Enquanto a sociedade é dividida entre poderosos opressores e oprimidos explorados, Jesus propõe a conquista da unidade a partir da humildade e do serviço, resgatando-se a vida dos mais excluídos e marginalizados.
Na encarnação, Deus nos deu seu Filho, Jesus. E o próprio Jesus dedicou sua vida, convivendo com os discípulos e as multidões, para a libertação e o resgate da vida de todos, neste mundo. A vida de Jesus é um testemunho do amor que tudo transforma e gera a vida que permanece para sempre. Somos capazes de entender o ensinamento do poder-serviço e do poder-humildade, ensinado por Jesus?
Pe. Leonir Alves