O CAMINHO DA FELICIDADE
O evangelho deste final de semana, (Mt 5, 1-12a) festa de todos os Santos, temos o conhecido relato das bem-aventuranças, no começo do sermão da montanha de Mateus.
A montanha recorda o Sinai, o monte onde foi selada a aliança com o povo hebreu que saiu da escravidão egípcia. Foi aí que Moisés recebeu as tábuas da Lei (Decálogo), a constituição do povo de Deus. Jesus, portanto, está para promulgar a nova constituição do povo de Deus, um povo sem fronteiras e sem discriminações; ele vai inaugurar a nova aliança com os pobres e marginalizados do mundo inteiro, revelando que Deus se solidarizou com eles a ponto de confiar-lhes o Reino. O clima dessa nova aliança é o da confiança ilimitada que circula entre Deus e seu povo.
As bem-aventuranças são propostas de felicidade. A constituição do povo de Deus não impõe leis. Jesus simplesmente constata a situação do povo que o segue (pobres, afligidos, despossuídos, mansos, famintos), percebe o esforço que fazem para mudar a situação (misericórdia/solidariedade, pureza de coração, promoção da paz); conhece as dificuldades e perseguições que enfrentam para criar a nova sociedade e os proclama felizes, herdeiros do projeto de Deus.
A constituição que Jesus promulga no Sermão da Montanha nasce da constatação das lutas do povo sofrido. Deus se solidarizou com ele, confiando-lhe o Reino. A primeira bem-aventurança: “Felizes os pobres em espírito, porque deles é o reino do céu”, juntamente com a oitava: “Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino do céu”, são a síntese de todas as bem-aventuranças. As demais esclarecem alguns aspectos dessas duas. A primeira e oitava possuem promessa idêntica: “porque deles é o reino do céu”. Não se trata propriamente de uma promessa, mas de constatação do que está acontecendo: o reino do céu já é dos pobres em espírito e dos perseguidos por causa da justiça! As demais bem-aventuranças trazem uma promessa futura: serão consolados, possuirão a terra etc. Contudo, não é para esperar a realização dessa promessa no além. Ela é decorrência da opção que Deus fez pelos pobres e oprimidos, confiando-lhes o Reino, portador da plenitude dos bens: liberdade, vida, fraternidade, partilha, paz.
Quando será realizado tudo o que aparece como promessa? Quando a nova prática da justiça fizer germinar e crescer o Reino. A propósito, estamos fazendo a nossa parte na prática da justiça?
Leonir Alves