O MANDAMENTO DO AMOR
No Evangelho deste quinto domingo de Páscoa (Jo 13,31-35), temos o mandamento do amor, como sinal do reconhecimento dos discípulos de Jesus. O que era um fim para os fariseus que programaram a morte de Jesus, na realidade era a glorificação de Jesus em Deus.
Judas sai para entregá-lo. Se há um mal na traição de Judas, o mal maior está naqueles chefes religiosos de Israel que articularam a morte de Jesus. Jesus está prestes a terminar sua missão. Dá o maior testemunho: “Prova de amor maior não há, do que doar a vida pelo irmão”. Toda a vida de Jesus foi um dom ao mundo. Nas comunidades joaninas, às quais João dirige seu Evangelho, diante da ausência de Jesus, os discípulos oram e meditam sobre sua vida e, iluminados pelo Espírito, começam a entendê-lo, particularmente quanto à sua permanência, vivo, entre eles. É a glorificação de Jesus: sua missão cumprida e continuada por seus discípulos, ao longo do tempo e duradoura na eternidade. É a glorificação de Deus. “Filhinhos!” Este diminutivo carinhoso não aparece em nenhum outro Evangelho. Só é usado por João aqui e, com frequência, na sua primeira carta, dirigindo-se às comunidades.
Jesus faz uma oposição à Lei antiga. Israel, dentre os demais povos, considerados gentios, orgulhava-se da originalidade de seu Deus “único”, de sua Lei, de suas observâncias e cultos. Possuía uma sólida ideologia e teologia do poder e, em nome de seu Deus, exterminava os que eram considerados inimigos.
Agora o novo mandamento diferencia-se do antigo. A Lei se resume no mandamento de amar a Deus e no “amar o próximo como a si mesmo”. A medida do amor é o próprio Jesus. É o mandamento da união no amor com Jesus: amor universal, sem fronteiras, amor que não passa por instituições e é aberto a todos os povos, a todos os homens e mulheres. É o amor que gera a vida eterna. Aos discípulos, às comunidades, é confiado o testemunho deste amor, pelo qual se reconhece a presença de Jesus na história. Este amor concreto, vivido nas comunidades, é a esperança de vida diante dos desafios desumanizantes da sociedade de mercado, idólatra do dinheiro.
Pe. Leonir Alves